Adicional de Insalubridade e Pausas Térmicas: Direitos dos Trabalhadores em Frigoríficos

frigorifico

Introdução

O trabalho em frigoríficos exige uma série de cuidados para proteger a saúde e o bem-estar dos trabalhadores. A exposição contínua a temperaturas extremamente baixas e a agentes insalubres coloca esses profissionais em condições adversas. Por essa razão, a legislação brasileira prevê o adicional de insalubridade e pausas térmicas como direitos essenciais para esses trabalhadores. Neste artigo, vamos explicar o que é o adicional de insalubridade, como ele é calculado, o que são pausas térmicas e o que fazer caso esses direitos não estejam sendo respeitados.


1. O Que é o Adicional de Insalubridade?

O adicional de insalubridade é um benefício garantido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para trabalhadores que desempenham suas atividades em condições prejudiciais à saúde. O objetivo é compensar financeiramente o risco à saúde a que estão expostos durante a jornada de trabalho.

No caso dos trabalhadores em frigoríficos, a exposição ao frio intenso – especialmente em câmaras frias e na manipulação de produtos congelados – caracteriza um ambiente insalubre. Essa condição deve ser constatada por meio de uma perícia técnica realizada por um profissional habilitado em segurança do trabalho.

1.1 Como é Calculado o Adicional de Insalubridade?

O adicional de insalubridade é calculado com base no salário mínimo vigente. O percentual varia conforme o grau de insalubridade do ambiente:

  • 10%: Grau mínimo;
  • 20%: Grau médio;
  • 40%: Grau máximo.

No caso específico da exposição ao frio, a insalubridade é considerada de grau médio, o que corresponde a 20% sobre o salário mínimo. Em 2024, o salário mínimo está fixado em R$ 1412,00, portanto, o valor do adicional é de R$ 282,40 mensais.


2. O Que São as Pausas Térmicas?

Além do adicional de insalubridade, os trabalhadores em frigoríficos têm direito a pausas térmicas. Essas pausas são intervalos obrigatórios durante a jornada de trabalho para que o profissional possa se recuperar da exposição prolongada ao frio.

De acordo com a Norma Regulamentadora 15 (NR-15), anexo 9, e a jurisprudência consolidada, essas pausas são fundamentais para evitar danos à saúde, como:

  • Problemas circulatórios;
  • Hipotermia;
  • Lesões musculares e articulares;
  • Outras doenças ocupacionais.

2.1 Como Funcionam as Pausas Térmicas?

A regulamentação estabelece que, para cada período de 1 hora e 40 minutos de trabalho contínuo em ambiente frio, o trabalhador tem direito a uma pausa de 20 minutos em ambiente aquecido.

Essas pausas não são opcionais e devem ser rigorosamente cumpridas pelas empresas, sob pena de violação dos direitos trabalhistas.


3. E Se a Empresa Não Cumprir a Lei?

Infelizmente, muitas empresas deixam de pagar o adicional de insalubridade ou não concedem as pausas térmicas de forma adequada. Nessas situações, o trabalhador pode buscar os seus direitos de duas formas:

  1. Requerer o pagamento retroativo do adicional de insalubridade e o cumprimento das pausas térmicas;
  2. Solicitar a rescisão indireta do contrato de trabalho.

A rescisão indireta ocorre quando a empresa descumpre obrigações contratuais, como a garantia da saúde e segurança do trabalhador. Nesses casos, o empregado pode encerrar o contrato e receber todas as verbas rescisórias, como:

  • Aviso prévio;
  • FGTS com multa de 40%;
  • Férias vencidas e proporcionais acrescidas de 1/3;
  • 13º salário proporcional;
  • Seguro-desemprego.

Para isso, é fundamental reunir provas da situação, como:

  • Relatórios de condições de trabalho;
  • Testemunhas;
  • Laudos médicos;
  • Documentos que demonstrem a ausência do pagamento do adicional ou das pausas.

4. O Papel do Advogado Trabalhista

Caso o trabalhador enfrente dificuldades em receber seus direitos, o apoio de um advogado especializado em direito trabalhista é essencial. O advogado poderá analisar o caso, reunir as provas necessárias e ajuizar uma reclamação trabalhista para garantir o pagamento correto do adicional de insalubridade e o cumprimento das pausas térmicas.

Além disso, o profissional poderá solicitar o pagamento retroativo, corrigindo anos de prejuízos sofridos pelo trabalhador.


Conclusão

Os trabalhadores em frigoríficos desempenham uma atividade fundamental, mas enfrentam riscos à saúde devido à exposição prolongada ao frio. Por isso, a legislação garante o adicional de insalubridade de 20% sobre o salário mínimo e pausas térmicas regulares para minimizar os impactos dessa exposição.

Caso esses direitos não sejam respeitados, o trabalhador pode buscar a justiça para garantir o cumprimento da lei e, se necessário, solicitar a rescisão indireta do contrato de trabalho.

Se você é trabalhador de frigorífico e está enfrentando essas situações, procure um advogado trabalhista e proteja os seus direitos.

Estamos a disposição para ajudar você!

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